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Este blog é uma danação e possui a intenção de abalar irreversivelmente o seu sistema nervoso. Usando de técnicas psicológicas de violência estética e poesia, seu efeito estimulante danifica os neurotransmissores sociais e possui o mesmo impacto de uma anfetamina no metabolismo químico-cerebral de um homicida do ego. Com substâncias contrárias as utilizadas nos anestésicos de lobotomia, no Benzoato De Sódio e demais conservantes sociais, a dependência gerada a partir de sua ingestão constante, trará fortes alterações psíquicas e de comportamento. Seu aspecto diário e homeopático de insanidade, regula as euforias banais do cotidiano repressivo e a depressão consumista da pós-modernidade líquida (não podendo então ser digerido apenas como arte). Portanto, seus efeitos colaterais são de um estado neural póstumo, como seu autor e as pessoas que pensam - que ainda não estão mortas, não sendo recomendado para menores de idade, dependentes físicos e emocionais e vendedores de placebo. Não me responsabilizo pelos danos mentais, estado de “anarcocatatonia” e ejaculações multi-orgâsmicas provocadas após as exageradas overdoses poéticas.

Castração

Pelo toque da língua na pele dos lábios
Pelo cheiro do gozo e bom gosto do tato
Pela doce saliva na hora do orgasmo
Pelo semem do pênis na boca dos machos

O machismo deve ser castrado

Pelo fim das Igrejas e seus cadeados
Para que todos os bispos sejam excomungados
Com um beijo azedo, nu-peito-amargo

O machismo deve ser castrado

Sem que deixe nos olhos um gosto salgado
Em nome do pai, do filho e do proprietário
Pelo cavalheirismo dos que nos enganaram

O machismo deve ser castrado

Se de tão indecentes são tão "delicados"
O machismo deve ser castrado

Pela vontade dos homens em realizá-lo
O machismo deve ser castrado

Pelos himens que os homens já estupraram
Pela porra expelida de dentro do falo
Pelo íntimo e interno-afeto do escarro

O machismo deve ser castrado

Por um gemido intenso e inenarrável
Se os cinco sentidos se completam de fato
Sem a vergonha do cio que nasce do ofato
Descobrindo a nudez nas coisas do tato
Esquecidas de canto no canto dos quartos

O machismo deve ser castrado

Pelo amor dos amantes e amores roubados
Pra que seja visível, o invisível diálogo
Por todos, os clítoris que foram cortados
Pelas dores do parto, a mais lamentável

O machismo deve ser castrado

Pra acabar com as leis e o contrato do Estado
Para que não existam mais fortes e fracos
E pelo fim do silêncio em cárcere privado

O machismo deve ser castrado

Pra que toda mulher desperte ao afago
Ao romper as fronteiras do inviolável
No bico do seio, do ventre ao braço

O machismo deve ser castrado

Para que o sexo, em fim, torne-se incontrolável
O machismo deve ser castrado

Pra que toda impotência vá pro caralho
Por este prazer tão miserável
Por todos os dias, não só 8 de março
E antes que ocorra o inevitável...

Patrick Monteiro