Pelo cheiro do gozo e bom gosto do tato
Pela doce saliva na hora do orgasmo
Pelo semem do pênis na boca dos machos
O machismo deve ser castrado
Pelo fim das Igrejas e seus cadeados
Para que todos os bispos sejam excomungados
Com um beijo azedo, nu-peito-amargo
O machismo deve ser castrado
Sem que deixe nos olhos um gosto salgado
Em nome do pai, do filho e do proprietário
Pelo cavalheirismo dos que nos enganaram
O machismo deve ser castrado
Se de tão indecentes são tão "delicados"
O machismo deve ser castrado
Pela vontade dos homens em realizá-lo
O machismo deve ser castrado
Pelos himens que os homens já estupraram
Pela porra expelida de dentro do falo
Pelo íntimo e interno-afeto do escarro
O machismo deve ser castrado
Por um gemido intenso e inenarrável
Se os cinco sentidos se completam de fato
Sem a vergonha do cio que nasce do ofato
Descobrindo a nudez nas coisas do tato
Esquecidas de canto no canto dos quartos
O machismo deve ser castrado
Pelo amor dos amantes e amores roubados
Pra que seja visível, o invisível diálogo
Por todos, os clítoris que foram cortados
Pelas dores do parto, a mais lamentável
O machismo deve ser castrado
Pra acabar com as leis e o contrato do Estado
Para que não existam mais fortes e fracos
E pelo fim do silêncio em cárcere privado
O machismo deve ser castrado
Pra que toda mulher desperte ao afago
Ao romper as fronteiras do inviolável
No bico do seio, do ventre ao braço
O machismo deve ser castrado
Para que o sexo, em fim, torne-se incontrolável
O machismo deve ser castrado
Pra que toda impotência vá pro caralho
Por este prazer tão miserável
Por todos os dias, não só 8 de março
E antes que ocorra o inevitável...
Patrick Monteiro