Minha foto
Este blog é uma danação e possui a intenção de abalar irreversivelmente o seu sistema nervoso. Usando de técnicas psicológicas de violência estética e poesia, seu efeito estimulante danifica os neurotransmissores sociais e possui o mesmo impacto de uma anfetamina no metabolismo químico-cerebral de um homicida do ego. Com substâncias contrárias as utilizadas nos anestésicos de lobotomia, no Benzoato De Sódio e demais conservantes sociais, a dependência gerada a partir de sua ingestão constante, trará fortes alterações psíquicas e de comportamento. Seu aspecto diário e homeopático de insanidade, regula as euforias banais do cotidiano repressivo e a depressão consumista da pós-modernidade líquida (não podendo então ser digerido apenas como arte). Portanto, seus efeitos colaterais são de um estado neural póstumo, como seu autor e as pessoas que pensam - que ainda não estão mortas, não sendo recomendado para menores de idade, dependentes físicos e emocionais e vendedores de placebo. Não me responsabilizo pelos danos mentais, estado de “anarcocatatonia” e ejaculações multi-orgâsmicas provocadas após as exageradas overdoses poéticas.

Amor de Família

Papai contava-lhe histórias
Lhe dava beijos de boa noite
E toda noite, os cavalos caiam do cavalo
Deus permanecia com os dedos fechados
Perdendo o prumo da história,
Na contra-mão de um grito:
- O universo não pode parar...

Na janela cheia de brocados 
Vemos um singelo pé-de-meia
A espera de uma ilusão que não vale quanto pesa...
Quem era ela que olhava de mãos juntas
Para um crucifixo desbotado?
Assim disse Alice Caroll para mamãe:

“  - Sonhos feios assustam quando removem-se as cortinas na madrugada.
A senhora não teve medo do escuro? "

- O universo não pode parar...

Mais uma noite e luz atinge o metal num beijo
O suor se misturava a lágrima engolida
O corpo gordo, já satisfeito, veste as calças
Ela sentiu os pelos da barba no rosto
Antes da sua saída, "um novo pagamento..."

- O universo não pode parar...

No país das maravilhas de Balthus,
Nas páginas dos livros encantados,
Nos jornais do cruel cotidiano
Um beijo é um detalhe que não deseja ser só...
(Uma mera ilusão).

E o unirverso não pode parar!


Novamente amanhece,
Seus olhos cegos da ruas,  estão cegos de sonhos
E seus sentidos não sentem mais nada,
Calmo no sofá, o papai assiste t.v. e revê
Os retratos de família em branco e preto
Enquanto se masturba
Eis o fim do conto de fadas...

- O universo não pode parar...

Ela era apenas uma criança assustada
Mas para papai ,ela era...
Uma prostitutazinha de beira de estrada.

Pois nos velhos quartos de velhos bordéis,
Desde a primeira noite, as estrelas foram sepultadas!
E é hora da menininha virar mulher, para ganhar um beijo de despedida

Em certas ocasiões,
Não adianta rezar...
Pois um beijo não é só uma mera ilusão
E o universo não pode parar!

Patrick Monteiro