Quero o conflito
Que nasce como uma força bruta
Um instinto carnal filho da puta
Como a raiva do ventre
Ou a dor nervosa de uma úlcera
Um impulso que arde no peito
Já que tudo na vida parece ter seu preço
Eu pago pela ira insolente
Que só quem ama sabe e sente
E para isso,
Tenho muitos motivos desumanos
Se metade de mim
Foi saudade do meigo,
Do cheiro de gente trepando no mato
Ou mesmo do orvalho nos espinhos da rosa
Nos frutos molhados e nas flores frondosas...
Outra parte é puro confronto
De árvore frutífera em dia de aborto
É o pelourinho, em seus velhos galhos
Onde os negros afoitos
Se encontram amarrados
Por inteiro
Eu quero a crise de toda batalha
Das mulheres que se libertaram das surras
E navalhas...
Por completo,
Quero o caos e os cortes
Por cacos de vidro barato,
Eis que quero o desequilíbrio
Com a consciência pedagógica dos oprimidos
Por dentro, quero...
O perfume bêbado dos mendigos
O sangue que pulsa nos suicídios
Em oposição a instituição dos genocídios
Eu quero a visão defeituosa
De um Paulo Freire
E o afeto sincero de um casamento gay
Que superaram os conceitos ultrapassados de família
Eu quero a morte da morte
Em nome da vida
Que de tão frágil – mente – tímida
Diante do espelho...
Burra, pensa que a paz
Só, se conquista (com dinheiro)
Patrick Monteiro